quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Mais um pouquinho sobre saúde por aqui..

Passadas as primeiras experiências com médico, chegou a vez da mamãe. E senta que tem coisa pra contar, já que a mudança deixou a minha imunidade no chinelo. Na verdade, a primeira vez que precisei ir ao médico foi porque eu trouxe puran (remédio pra hipotireoidismo) pra 3 meses, já estava na última caixa e aqui precisa de receita médica. Como preciso do remédio pra me manter viva, basicamente, não dava pra enrolar mais.

Marquei a consulta com a mesma médica dos meninos, porque a idéia é que seja alguém que conhece toda a nossa família. Da mesma forma que com os meninos, a enfermeira me atendeu primeiro, me pesou e o choque: ver meu peso com um número de 3 digitos foi assustador. Mas era em libras, ufa. Eu não tava conseguindo me comunicar direito com a enfermeira, que estava sem muita paciência. Então ela conectou com uma tradutora. É um telefone viva voz que fica ligado e traduzindo tudo que tu fala e tudo que a médica fala. Mas a médica demorou tanto que a tradutora desistiu de esperar.

Quando a médica entrou na sala me olhou com aquela cara de que "parece que eu te conheço" e eu falei que ela já tinha atendido meus meninos e que a tradutora tinha desistido de esperar. Daí ela falou que da outra vez não precisamos de tradutor e que se precisássemos, chamaríamos de novo.

Ela foi mega atenciosa comigo, conversou bastante, mais falava do que ouvia, mas eu não tinha muito o que falar também, ainda mais em inglês. Me passou a receita do remédio, pediu uns exames, umas vacinas e tchau. A enferemeira veio, me deu a vacina (diferente dos meninos, que tiveram que ir num setor específico pra fazer as vacinas) e voltei outro dia pra fazer os exames que tinham que ser em jejum.

O laboratório fica no mesmo prédio, esperei menos de dois minutos pra ser atendida na recepção e nem 30 segundos pra alguém me atender pra fazer os exames. Aliás, são vários guiches e tu senta em um, coloca teu braço ali e a pessoa tira teu sangue. Uma coisa que achei diferente e melhor do que minhas experiências anteriores, é que a agulha fica longe do tubinho (tem uma sondinha que leva o sangue até o tubo), aí quando trocam os tubinhos, não parece que vão arrancar a tua veia (não sei se deu pra entender, kakakakkakka).

O resultado dos exames eu olhei pela internet de curiosa, mas a médica me telefonaria pra contar os resultados. Eu pedi pra ela me escrever, porque na época eu não conseguia entender nada que falassem no telefone. Um tempo depois chegou a carta dela dizendo que estava tudo bem com meus exames.

Ah, e o resultado não entrei num site do laboratório pra buscar. É no site do plano de saúde, que tem toda a minha história. Tem a minha carteirinha de vacinação traduzida, todas as visitas que fiz ao médico, os exames que fiz, que problemas de saúde tenho, se tenho alergias, etc. Super completo. Bem legal.

E mais ou menos um mês depois, fiquei emperebada. Candidíase. Afe, que saco. Pesquisei mil receitas naturais na internet, mas nunca tenho coragem de mergulhar a pepeca no vinagre. Pedi socorro no grupo das brasileiras, que que eu faço? Não queria gastar mais $200,00 por causa de uma porcaria de uma candidíase que já tô cansada de saber o que é. Emocional atacou, candida se aproveita. Até que uma boa alma me sugeriu, manda e-mail pra sua médica. Verdade. Não tinha pensado nisso.

Mandei e-mail através daquele mesmo portal que falei antes, ela enviou outro perguntando sobre alguns outros sintomas, respondi, ela retornou pedindo qual farmácia eu queria que ela mandasse preparar o remédio, falei qual era melhor pra mim, em poucas horas eu estava com o remédio na mão. Fui buscar na farmácia, que fica no mesmo lugar do consultório, das vacinas, do laboratório e de todo o resto. Simplesmente levei minha carteirinha do plano e lá estava minha prescrição, sem gastar nenhuma folha de papel. Não gastei nada, não me incomodei e resolvi meu problema. Simples assim.

Só que né, emocional abalado, imunidade comprometida. Comecei a sentir aquela vontade de fazer xixi que não acaba nunca. Você vai no banheiro, não tem uma gota. Ou mesmo que tenha, a vontade não passa. No Brasil eu tomava um remedinho no começo, fazia xixi azul uns tres dias e ficava tudo certo. Só que aqui o remedinho não rola assim sem receita. Aliás, nem sei se tem algum equivalente aqui. Que não seja um antibiótico. Da próxima vez vou tomar suco de cranberry e tomar probióticos antes que o negócio aperte, mas dessa vez começou a rolar febre. 37.8 pra adulto já não é normal, calafrios, bate queixo, dor no corpo, 38.1, 38.8, 39.1.. Jesus, Maria José.. que que tá rolando? Xixi turvo e com cheiro muito estranho. Nunca tinha acontecido isso comigo.

Era uma segunda feira, eu sozinha em casa com a cachorra (que não sabe ir buscar o remédio, vê se pode). Quando batia a febre eu não conseguia levantar da cama pra buscar água, remédio ou fazer xixi. Entre começar a tremedeira e eu conseguir sair do lugar levava mais do que uma hora. Devia ser proibido alguém poder ficar sozinho em casa doente. Me perdoe universo por já ter deixado o Diego sozinho em casa alguma vez, meus filhos nunca deixei, ufa.

Quando baixava a febre eu pesquisava no portal pra ver se eu entendia a diferença entre emergency e urgent care. O urgent care era basicamente ir no médico de sempre, era só pra situações que poderiam esperar de 24 a 48 horas pra serem atendidas. Eu até estava meio disposta a esperar, mas o Diego viajaria a trabalho na quinta, eu precisava estar boa pra ficar sozinha com os meninos. No meio das minhas pesquisas, li em alguns lugares que em muitos casos a enfermeira pode te ajudar pelo telefone mesmo. 

Então resolvi ligar, se ela não pudesse me ajudar, ela iria me transferir pra marcação do urgent care. Mas explicando a minha situação pra ela, ela ficou preocupada. Achou melhor falar com o médico. E então ela voltou e disse que o médico queria que eu fosse na emergência porque poderia piorar muito até o dia seguinte.

Nós tínhamos ido até a porta da emergência um pouco mais cedo, mas lembrando do rombo que foi a vez que o Diego precisou ir, demos meia volta. Mas diante do que a enfermeira falou, sabendo como eles tratam as coisas por aqui, se ela mandou eu ir, é porque era mesmo pra eu ir. Eu não queria gastar, mas também não queria morrer (olha o drama).

Coloquei os meninos na cama e fui dirigindo. Morrendo de medo de ter que ficar internada. Cheguei lá com vergonha, nem parecia aquela pessoa morrendo por causa da febre de horas atrás. Estava disposta e sem febre. Parecia até que tava mentindo no telefone. Expliquei pra primeira enfermeira ainda na recepção qual era meu problema, ali mesmo ela mediu minha temperatura, pressão e oxigenação. 

Fui pra uma salinha, onde tiraram uns 10 tubos do meu sangue, sem mentira. Nessa sala expliquei tuuuuudo de novo pra uma enfermeira e o médico, que pelo jeito era o que a enfermeira tinha consultado ao telefone, que me explicou que precisaríamos fazer alguns exames pra ver se era infecção na bexiga ou nos rins. Que se fosse na bexiga eu poderia tratar em casa, mas que se fosse nos rins, teria que ficar no hospital porque daí eu poderia ficar muito doente.

Fui pra um lugar tipo um quarto, fiquei deitada numa cama, tomando soro pra ajudar a limpar a bexiga, fiz xixi no potinho e tive que ficar lá, deitadinha, tomando soro e esperando o resultado dos exames pra saber o que iam fazer dali pra frente. Veio uma médica residente super simpática, tive que explicar tuuuuudo de novo, um enfermeiro, expliquei de novo, outro médico... expliquei de novo... O legal disso tudo é que meu inglês foi sendo praticado, fiquei orgulhosa de mim.

Fiquei conversando com uma amiga no whats (que eu conhecia de Floripa e reencontrei aqui por purissima coincidencia) e um tempo depois veio de novo um dos médicos e me explicou que era só infecção na bexiga e que eu poderia voltar pra casa. Que eu deveria tomar os antibioticos e aquela coisa toda. Já era meia noite, fui direto na farmácia, que ainda não tinha deixado meu remédio pronto. Esperei mais uns 20 minutos e voltei pra casa feliz e contente por pelo menos saber o que tinha e poder começar a me tratar.

Nosso plano mudou e até o momento não precisei pagar nada, mas ainda posso receber surpresas pelo correio. Em 3 dias tive que fazer um "follow up" que é basicamente um retorno pra ver se o tratamento estava fazendo efeito. Dessa vez paguei $20,00 de coparticipação. Fui atendida por uma enfermeira brasileira que disse que ganhou o dia por me atender, adorei conhece-la, ela está aqui há 15 anos. A minha médica estava fora essa semana e então fui atendida por outra do consultório dela. Só checou se tava tudo bem, conversou bastante comigo sobre filhos, mudanças, traumas, me mandou tomar probióticos e tchau.

Eu realmente espero não precisar usar meu plano de saúde de novo, por favor. Obrigada. Quero fazer muitos outros posts sobre muitas outras coisas, espero realmente não ter mais nada pra contar sobre saúde.

Ah, achei super fofo quando telefonei pra marcar o "follow up" e a moça ao telefone me disse bem querida "Sinto muito que você teve que ir na emergência. Melhoras". O enfermeiro que me atendeu também me disse "Melhoras". E também acho interessante como funciona a farmácia. É tudo nos mesmos tubinhos amarelos, não é em caixas como no Brasil. E eles colocam na hora a quantidade exata que você precisa, isso evita bastante problemas, né? E em casos de remédios de uso contínuo, eu posso fazer um refil da minha receita pelo portal. Depois de um ano sou obrigada a voltar na médica, repetir o exame e daí ela me prescreve de novo, mas por um ano, tá super tranquilo.

Acho que é isso. As coisas são bem diferentes de tudo que eu já tinha visto. Acho mais práticas, mais eficientes, mais inteligentes. Não pretendo voltar a usar nenhum serviço de saúde além das rotinas necessárias, mas foi bem interessante conhecer uma outra forma de se fazer as coisas. :)

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