quarta-feira, 9 de agosto de 2017

De English Teacher a Concursada, minha trilha profissional.

Com 16 anos eu comecei a dar aulas de inglês no CCAA, mas a imaturidade me fez sair. Trabalhei como estagiária em uma academia por alguns meses e a imaturidade junto da contenção de despesas me fizeram ser a primeira a ser eliminada. Trabalhei numa floricultura, mas a falta de jeito e mais uma vez a imaturidade me fizeram sair. Dei aulas de inglês na Wizard, passei no vestibular pra Matemática, mas quem me fez sair foi quem? A falta de maturidade. Eu achava que não daria conta de estudar e dar duas horas de aula por semana. Fui monitora de uma disciplina na faculdade e a tal falta de maturidade apareceu de novo. Trabalhei por um mês cobrindo as férias de uma pessoa em um provedor de internet a cabo e o retorno das férias me fez sair. Fui chamada na empresa que ficava no mesmo prédio e que tiveram contato com o meu trabalho e gostaram e mais uma vez, mas eu não me acertava com o chefe e então a imaturidade me fez sair.

O Diego morava em Urussanga e eu fazia faculdade em Floripa. Finais de semana íamos os dois pra Tijucas. Eu trabalhava de fiscal de concursos em alguns finais de semana, pra ganhar um dinheirinho extra. Mas não tinha a menor idéia do que era um concurso, serviço público ou enfim. Mas depois de ser fiscal tantas vezes comecei a me perguntar o que era aquilo, já que tinha tanta gente interessada. E então comecei a fazer concursos. Atirava pra tudo que era lado. O primeiro que fiz, nem lembro pra onde era. Mas eu não entendia absolutamente nada, chutei tudo. 

O segundo que ia fazer era o da distribuidora de energia do estado e lembro do meu irmão me dizendo antes de sair de casa pra prova: "Pelo menos lê a prova dessa vez". Ok, vou ler. E a prova estava fluindo bem. Cairam algumas coisas que eu tinha estudado no primeiro semestre de administração (que eu parei de fazer porque meu pai não pagava as mensalidades direito e a bonitona aqui não cogitava trabalhar pra bancar os estudos), também algumas coisas que eu lembrava do ensino médio e claro, o fato de ser uma estudante de matemática fazia com que meu raciocínio fosse "xuxu beleza".

Na semana seguinte fiz o da companhia de água e então era esperar o resultado dos concursos. Fiquei em 11o no da água e em primeiro no de energia, ambos pra região de Criciúma. Eu pulava na cama de alegria (foto da esquerda e sim, eu tinha cabelo curtíssimo). Finalmente eu tinha um emprego perto do Diego e a gente finalmente ia poder casar. Ele ia ter que parar de me enrolar, hahahahahhah.

Então alugamos um apê e fomos morar juntos. Casamos no civil pra que ele pudesse entrar no plano de saúde e no mês seguinte descobri que estava grávida. Foi super emocionante, nós queríamos e eu tinha um emprego. Estava no estágio probatório, pensava em esconder a gravidez até passar do estágio, mas tive um sangramento e tive que contar antes do planejado. Mas eles gostavam do meu trabalho e iam me deixar ficar de qualquer jeito.

No começo era tudo oba oba, tudo lindo, tudo maravilhoso. Só que era atendimento ao público e era chato pra dedéu. Eu sentia meu potencial escorrendo pelas mãos. Eu sabia que podia mais do que aquilo, mas não tinha possibilidades de mudança dentro da empresa. Só por indicação política e eu não tinha nenhuma indicação (na época eu usaria de certeza, mas quem eu sou hoje não me permite usar esse tipo de artimanha pra conseguir o que quer). 

Depois de passar a não engolir mais os sapos dos consumidores e acabar causando muito transtorno no atendimento, acabei mudando de setor. Não lembro bem quanto tempo fiquei nesse setor. Sei que saí por pensar mais nos outros do que em mim. Pra implantar um horário diferenciado pro atendimento, eu precisaria voltar pro atendimento, pois eles precisariam de mais pessoas pra atender. Então topei. Trabalharia 6 horas ao invés de 8, mas com atendimento.

O horário era horrível, não me trouxe benefício nenhum e trabalhar com atendimento sempre foi um inferno pra mim. Não deu tempo de me arrepender totalmente, tive a brilhante idéia de pedir transferência pra minha terra natal. Usei influência política e me envergonho MUITO disso. Mas enfim, voltei pra minha terra natal, mesmo tendo sido alertada que estaria indo pra "pior regional do estado".

Eu já havia conversado com a funcionária que trabalhava lá e eu sabia que lá eu teria muito o que aprender, pois ela fazia tudo sozinha e a minha ajuda seria muito bem vinda. Mudança feita, no meu primeiro dia no novo posto de trabalho, veio o balde de água fria, ela iria trabalhar com o serviço interno e eu com atendimento. Dali pra frente a coisa desandou. Os últimos quatro anos na empresa foram os piores. Eu trabalhava com atendimento ao público numa cidade minúscula, onde muita gente me conhecia e se achava no direito de pedir "favorzinhos". Eu me desentendia com um consumidor inadimplente e dava de cara com ele no mercado, sendo que meu filho estava do meu lado com o uniforme da escola.

Sempre me senti muito vulnerável enquanto estive lá. Eu queria fugir do atendimento e também explorar meu potencial. Então eu abraçava tudo que vinha pela frente, na tentativa de me sentir mais realizada lá dentro. No fim, eu estava sobrecarregada e sempre atendendo. Sempre tentando me esquivar dos favorzinhos, tentando telefonar pros inadimplentes que eu conhecia pra que eles pagassem antes de serem cortados e eu não ter que encará-los na mesa de atendimento.

Eu pensava em pedir transferência pra Central em Floripa, mas pensava na qualidade de vida, trânsito. Não!! Trabalhar são "só" 8 horas por dia, vou ser feliz nas demais. E o tempo ia passando e eu sempre infeliz. A minha relação com o dinheiro era mais ou menos assim: foda-se, tô trabalhando com algo que odeio pra ter dinheiro, então vou fazer o que quiser com ele. Então eu me dava o luxo de ter faxineira, de fazer a unha toda semana, de gastar com roupas, de almoçar em restaurante caro.

As coisas foram piorando, pois o chefe saiu e a minha amiga virou minha chefe. Ela tinha todas as atriuições de chefe, eu acabei ficando ainda mais sobrecarregada e mais infeliz. Tinha a doulagem que estava surgindo, mas eu não tinha coragem de pedir demissão por n coisas que vou contar no próximo post. Dez anos se passaram desde que eu entrei e enfim tive coragem de pedir demissão. Claro que sou grata a oportunidade de ter esse emprego com tantos benefícios por dez anos. Mas essa é a minha história e a minha jornada.

Não tive tempo de sentir/sofrer (será?) o reflexo da minha decisão, pois acabei vindo pra cá. Nos próximos posts devo divagar um pouco sobre a mudança de concursada pra staying at home mother, sobre o meu sonho e o sonho de todo mundo, sobre mulher independente sumbissa a feminista dependente do marido...

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