quarta-feira, 31 de maio de 2017

O que sinto falta da vida no Brasil..

Dizem que a comparação é inimiga da felicidade, realmente é, mas acho que numa mudança de cultura tão grande é inevitável comparar. É inevitável sentir falta de algumas coisas e preferir outras. Não pretendo me alongar muito nesse post, mas vamos ver onde ele vai dar. :)

Pão de queijo. Ah, com certeza é a primeira coisa que eu sinto falta, hehehehehhe. Eu comia pão de queijo todos os dias e encontrava pão de queijo em qualquer esquina, literalmente. Se eu fosse tomar um café na rua com certeza envolveria pão de queijo (e sempre que possível, chocoleite).  Na rodoviária, aeroporto, padaria famosa, mercadinho de bairro... todo lugar tinha pão de queijo. Aqui tem pão de queijo congelado, mas só em alguns mercados e a experiência é bem diferente de tu passar na padaria e pegar um pão de queijo quentinho.

Pão francês, pão salgado, pão de trigo. Eu comia com banana frita, com ovo mexido, com queijo e presunto, puro, com doce de leite... nham nham, deu saudades e água na boca! :oP Tem algo parecido nos mercados aqui, mas sinceramente não me convenceu, é meio adocicado, "massudo", sei lá. Não tem nada a ver com o pãozinho do Koch ou do Angeloni que eu adorava. Comprei baguetes algumas vezes e quebra um galho, lembra mesmo o sabor do pãozinho de trigo, mas assim como o pão de queijo, a experiência é bem diferente de comprar pãozinho todo dia.

Santo Antônio de Lisboa. Sinto falta não só do Polvo do Marisqueira de Sintra, mas daquele lugar de maneira geral. É simplesmente mágico, uma energia inexplicável. Tínhamos Floripa inteira pra explorar (aliás, Santa Catarina inteira), mas não conseguíamos deixar de ir lá. Tinha um parquinho pras crianças, o pôr do sol, pastel de berbigão, feirinha de artesanato, além das várias noites que o Diego tocou naquele bar do lado da igreja. Morro de saudades.

Nossa casa. Não preciso nem comentar, né? Sinto falta do sofá que eu tinha, da rede, de poder deixar as crianças pularem a vontade, do meu varal, da minha grama, das minhas árvores, das minhas flores. Mas hoje sinto uma saudade gostosa e não mais uma saudade com pesar. Nosso lar já é aqui agora e a casa de Tijucas certamente vai ser vendida assim que for desocupada, pois por mais que algum dia a gente volte pro Brasil, provavelmente não será pra Tijucas. :)

Por muito tempo senti falta de fazer as unhas. Eu sou totalmente estabanada, não arrisco colocar um alicate na minha cutícula sendo que quem tá manuseando o alicate é minha mão esquerda, a mão direita já seria risco suficiente. Fiquei quase cinco meses sem fazer, encontrei uma manicuri brasileira e fiz as unhas algumas vezes. Mas é engraçado, o serviço dela foi bacana, mas não tenho mais a menor vontade de fazer, não sei explicar, acho que simplesmente mudei.

Deixar os filhos com a vó pra fazer algo com o marido. No Brasil os pais do Diego moravam no mesmo bairro que a gente e minha mãe a uma hora de distância. Qualquer coisa que a gente quisesse fazer, era só deixar eles com a vó, seja lá qual fosse. Aqui ainda não saimos nenhuma vez sozinhos. Queremos explorar alguns restaurantes diferentes, mas ficamos totalmente limitados aos que possuem batata frita, já que o Sr. Felipe não experimenta nada de novo. Ainda não tive confiança pra deixa-los com babysitter ou talvez ainda não tenhamos encontrado a ocasião que valha a pena.. :)

Ao mesmo tempo que velhos hábitos ficaram pra trás, novos foram surgindo. Por exemplo, agora usamos abacate no hamburger e no pão com ovo, temos uma torradeira e sempre comemos pão torrado. Como não tem almoço na vó todo final de semana e arroz e feijão não se encontra em qualquer boteco como no Brasil, sempre temos arroz e feijão na geladeira. Aqui não passo roupa e toda a roupa vai pra secadora. A louça é quase toda lavada na máquina, dishwasher é vida.

Agora o Pablo toma café da manhã antes de sair de ir pra escola e tiramos os sapatos antes de entrar em casa. Também limpamos a casa todos juntos pela primeira vez na nossa história (já que sempre tivemos quem limpasse pra gente). Aqui também olhamos a caixa de correio todo dia, já que o correio é levado a sério. Os meninos levam marmita pra escola e vamos a parques e museus com bem mais frequencia.

São tantas pequenas mudanças. Não temos mais Santo Antônio de Lisboa mas temos a HighWay one, que é um presente que ganhamos por morar na California, onde podemos ver o pôr do sol espetacular, que não tem foto que demonstre. Não tem pão de queijo a toda esquina, mas tem donuts e bagels. Não tem pão frances, mas tem comida de todo o mundo pra experimentar. Não tem a nossa casa daquele jeitinho, mas tem aquecimento no apartamento (eu sempre odeiei ficar encolhida durante todo o inverno no Brasil).

Não saio sozinha com o marido, mas temos um país inteiro pra explorar em família. Não temos a vó pra deixar os filhos, mas estamos oferecendo uma educação, no mínimo, diferente pros nossos meninos.

Algumas nos chamam de corajosos, outros dizem que somos loucos. Apesar de o começo ter sido extremamente doloroso (muito mais pra mim do que pros meninos), tenho certeza que fizemos a escolha certa e eu faria tudo de novo. A vida é muito curta pra fazer exatamente a mesma coisa em toda ela. Mas isso é só uma questão de opinião. Bom, acho que me alonguei.

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