quarta-feira, 11 de março de 2020

Pedacinhos de felicidade na Irlanda


Vamos falar da parte meio cheia do copo? Eu poderia falar de poder de compra, de segurança, da simpatia dos irlandeses. Mas isso todo mundo fala. Eu quero falar dos pedacinhos de felicidade que EU encontro todos os dias ou de vez em quando.

Não sei se alguém reparou o nome do blog, mas tentei um monte de coisa que sugerisse viver pelo mundo e todos estavam ocupados, então chutei os dois bichos que eu mais tenho fascínio por aqui e funcionou, então fica assim mesmo. Eu nem sei porque gosto tanto desses bichos. Mas eles despertam algo legal em mim.

O Magpie eh um pássaro da família dos corvos e dizem que se você não falar “hello, mister magpie” quando encontra um, você terá azar. Eu sempre amei gatos pretos e acho que isso tem a ver com o meu lado bruxa, da conexão com a natureza, a intuição, enfim. Eu simplesmente AMO o magpie e cumprimento ele só porque gosto dele mesmo. De maneira geral, a Irlanda tem muitos pássaros lindos. Eu amo todos eles. Eles me trazem alegria todos os dias.

Já as raposas me trazem um certo medo, mas é um medo bom, não sei explicar. Eu queria ser amiga delas, mas elas me encaram de um jeito que eu paraliso. No verão elas adoravam passear pelo meu quintal, sempre com os olhos fixos em mim, me da frio na barriga, fico imóvel, mas morro de vontade de me aproximar, apesar de achar que não seria uma boa ideia. Nas noites de lua cheia elas fazem muito barulho e eu googleei e descobri que e porque as noites de lua cheia são mais iluminadas e então elas saem pra caçar. Os barulhos que elas fazem são para comunicação.

O fato de os dias serem curtos faz com que eu tenha muito mais oportunidade de observar as estrelas. Como não tem muita luz por aqui, dá pra ver muito mais estrelas do que eu via no Brasil ou na Califórnia. O problema é que dias que não estão nublados são MUITO mais frios que os dias nublados, então falta coragem pra ficar na rua muito tempo. Mas eu amo mesmo assim. A parte chata é que no verão não fica noite, noite. Então por alguns meses não dá de ver estrela alguma.

Falando em dias curtos e longos, eu não lembro quando tinha sido a última vez que presenciei um
nascer do sol antes de me mudar pra cá. Como no inverno o sol nasce oito e tantas da manhã, eu já estou na rua, a caminho da escola e isso me dá o presente de presenciar os nasceres do sol mais magníficos de toda a minha vida. Agora o sol já está nascendo antes de eu sair de casa, mas sei que no próximo inverno serei presenteada de novo.

Como os dias aqui são super malucos, costuma chover e dar sol várias vezes durante o mesmo dia, é muito comum nos depararmos com arco íris. Eu sempre fui apaixonada por eles e eu SEMPRE fico feliz quando vejo um, então quanto mais vezes eu vejo, mais vezes eu fico feliz.

Mas e essa louca da natureza? Tem coisas que não são relacionados a natureza que trazem felicidade na Irlanda? Teeeemmm… Bebês fofos e encapotados. Gente, eu simplesmente não consigo não achar suuuuuper fofo os bebês de todos os tamanhos no carrinho, cheinho de roupinhas e touquinhas e luvinhas. Numa boa!!! Eu não sei dos bastidores, não sei como é encher um bebê de roupa e a briga que é. Mas ver eles na rua assim, vivendo numa boa e não, eles não estão todos ranhentos como vocês podem estar visualizando, sempre acho fofo e mentalmente faço “aaawwwnnnn”. Acho muito legal como as pessoas simplesmente vivem no frio e não necessariamente ficam presas dentro de casa ou doentes a cada ventinho que pegam. Só pra constar, eu ainda fico doente mais do que deveria, mas já sou bem mais resistente do que era no Brasil.

Outra coisa que eu adoooooro é a simplicidade do chá e biscoito. Eu era acostumada com a cultura brasileira, onde comemos pra caramba e toda a socialização gira em torno da comida, e está subentendido que se tu convidares alguém pra tua casa, isso vai exigir um certo empenho em preparar algo pra receber a pessoa. Coffee break em algum curso? Normalmente recheado de comida. Comida, comida, comida! Por aqui é diferente. Adoro a simplicidade. Podemos ter conversas de horas tomando um chá e comendo um biscoitinho simples, tipo bolacha maria ou de leite. Acho prático e ao mesmo tempo acolhedor.

Pra finalizar, vamos falar de música. Infelizmente onde eu moro só tem um cara tocando ave maria no violino quase todo santo dia. No natal tinham pessoas tocando jingle bells com um trompete e teclado, era muito divertido. Mas de maneira geral, nos lugares mais turísticos sempre tem música, sempre tem alguém tocando alguma coisa e a vibe e super gostosa. De vez em quando rolam até uns brasileiros tocando samba, o que é bem gostoso.

Essas pequenas coisas me trazem alegria todos os dias. E claro que, como todo ser humano, tem dias em que não é tão fácil olhar a parte meio cheia do copo. Tem dias que eu sei que vai ter arco íris, mas não tenho vontade de sair pra rua pra procurar. Tem dias que não tô afim de chá e biscoito e tudo o que eu queria era um pão de queijo com chocoleite. Mas assim é a vida, né? Todo copo tem sua parte cheia e sua parte vazia. E tá tudo bem oscilar entre curtir a parte cheia ou lamentar a parte vazia.

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