quarta-feira, 12 de julho de 2017

Sobre como aprendi a me amar..

O fato de eu estar longe fez com que eu tivesse muito mais perto de muitas pessoas. Não sei se é necessariamente o fato de eu estar muito desocupada e eu acabar puxando papo com uma galera todo dia ou se o fato de eu estar longe faz com que as pessoas me doem mais do seu tempo. Mas enfim, ontem eu estava falando com a minha prima e entre tantos assuntos que conversamos, ele me perguntou como lidei com o aumento de peso (ganhei alguns, tipo uns 10, quilinhos por ansiedade nesses dois anos esperando a resposta do visto).

E a resposta foi que eu passei a me amar gordinha. Aceitei subir um número no manequim e parar de usar roupas apertadas pra caber dentro de um padrão insano e inalcançável. Passei a olhar pra bunda que cresceu e ficou redondinha e ignorar o braço que sempre foi gordo, mesmo nos meus tempos mais magra (não tinha como escapar, tanto a família do meu pai como da minha mãe tem "braço de fazer polenta"). Não consigo pensar daquele jeito que as pessoas falam: "agradece que tu tem braço". Óbvio que eu agradeço por ter braço, mas não é esse tipo de pensamento que me faz sentir melhor.
O feminismo me ajudou pra caramba nessa transição pra aceitar o meu próprio corpo. Entender sobre esses padrões doentios exigidos pela sociedade. Observar que o corpo das mulheres reais não tem nada a ver com o que nos ensinaram a buscar. Que quem consegue um corpo de revista ou tem uma genética muito boa ou sofreu muito pra conseguir chegar lá. Ah, claro, também que os homens são lindos e gostosos tendo qualquer tipo de corpo.

No meio do meu processo terapêutico eu fiz dois ensaios fotográficos. O primeiro, tentando aceitar a Carol doce que existe em mim. Com batom nude e roupas em tons pastéis. Eu precisava passar por esse processo. No segundo eu queria me ver sensual. Queria me ver mulher fatal. Batom vermelho, roupa preta. Mas eu simplesmente odiei o ensaio. Passei trabalho pra achar alguma foto que eu gostasse. Além do uso destestável do photoshop, não consegui me enxergar naquele papel.


Mas tem uma foto que eu gosto demais. Que é essa aqui do lado esquerdo. Eu levei um baita choque quando vi essa foto. O braço gordo, "pelanca" caindo pra fora da calça, o dente torto, a celulite... Como uma foto pode ter tantos defeitos e ser tão linda? Eu adoro meu sorriso nessa foto. No momento da foto eu estava me sentindo linda, gostosa, desejável. Eu nem imaginava que estava fora dos critérios pra esse tipo de ensaio.

Eu vi em alguma postagem do facebook algo que dizia mais ou menos assim: "quantas industrias iriam falir se as mulheres acordassem amando seus corpos". E é exatamente isso. cirurgiões, produtos milagrosos, dentistas, cabeleireiros... eu nem sei direito, porque sou tão desligada disso tudo, que nem sei direito o que existe pra ganhar dinheiro em cima de uma imagem perfeita.

Não vou dizer que eu sou a segurança em pessoa e que todos os dias me olho no espelho e me acho a última bolacha do pacote. Mas de maneira geral, o espelho é meu amigo. Eu me amo e eu me basto. Se alguém quiser gostar de mim, que goste do jeito que sou. Não espere que eu vá mudar pra te agradar.

Um comentário:

  1. Divina diva ! Doce e assertiva ! Beleza que vem da alma !! Maravilhosa como poucas sabem ser . Que sorte a minha ter te encontrado nesta caminhada !! Abraço de urso , como você diz ! ❤

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