quarta-feira, 21 de junho de 2017

A saga do dentista..

Acho que já falei isso antes, mas aqui o correio é realmente levado a sério e por isso eu olho a caixa de correio todos os dias, afinal, as coisas importantes sempre chegam no correio. Então um belo dia chegou uma carta do distrito escolar, dizendo que novos alunos precisam passar no médico pra um check up e no dentista. Ok, eles já tinham ido ao médico (estou devendo um post sobre isso) e a papelada já estava preenchida. Só faltava o dentista, Ok, temos plano que cobre uma visita, já aproveitamos pra fazer uma limpeza e claro, eu estava curiosa pra saber como funcionavam as coisas por aqui.

Marquei numa clínica especializada em crianças, os dois juntos. A sala de espera tem um telão passando filme e várias telinhas com filme, cartoon network e outras coisas, tudo colorido e bem legal pra crianças. Como aqui eles adoram formulários, ganhei umas cinco folhas pra preencher de cada um, basicamente com informações de saúde e últimas visitas ao dentista. Fomos chamados e a primeira surpresa foi ver as várias cadeiras roxas, uma ao lado da outra, bem diferente do Brasil. Ah, e também não tinha cuspideira.

Pesaram os meninos (sim, pesaram no dentista) e foram direto tirar raio x. Depois da radiografia, eles sentaram na cadeira e foi feita a limpeza e retirada do tártaro, fio dental e flúor. Check!!! Enquanto um fazia isso, o outro jogava videogame. Também tinham TV's dentro desse consultório pra distrair as crianças. A pessoa que estava fazendo todo esse trabalho sempre super querida e sempre elogiando os meninos. O Pablo com mais tártaro que o Lipe, mas até então tudo OK. Então notei que aquela pessoa super simpática era apenas assistente de dentista, diferente do Brasil também, onde quem faz tudo é o dentista.

Terminada a limpeza, chega a dentista pra ver os meus dois e mais outro menino que estava esperando em outra cadeira. Ela tirou o tártaro restante do Pablo e ouvi a palavra "cavity" (cárie). Meu inglês ainda está difícil e quando as pessoas desandam a falar, eu me perco. Mas eu ouvi ela falar cavity e ouvi ela falar four cavities e ouvi ela falar em adult tooth (dente permanente).

Dali pra frente já não conseguia mais atinar nada, fui obrigada a chamar o Diego pra conversar com a dentista, porque eu já tava me sentindo totalmente "menas main". No fim nem dei mais atenção pro pobrezinho do Lipe, que graças ao bom DNA do pai dele, não tinha nenhuma cárie (afinal, ele se alimenta mil vezes pior que o Pablo e come muito mais açúcar). Então fomos embora, com um certificado de "sem cáries" do Lipe e a data do tratamento do Pablo marcada. Dali 15 dias.

Me senti um lixo de mãe. Por que não briguei o suficiente com ele pra escovar os dentes?? Por que não escovei eu mesma mais vezes?? Eu sabia que seria utilizado um gás pra tranquiliza-lo e que se fosse necessário, seria usado algo pra conter os movimentos dele. Isso estava me matando, fazendo picadinho de mim. E detalhe: eu tenho pavoooor de dentista, eu não sabia o que era pior na minha cabeça. Por uma sorte do destino, pra acabar de uma vez com meu sofrimento, ligaram adiantando em uma semana o tratamento. Ufa, vai acabar logo.

Não dormi direito aquela noite e ele tinha que fazer jejum de duas horas. Então fiquei cuidando dele pra não comer nem tomar água antes do tratamento. Então na hora de ir ele começou a chorar dizendo que não iria no dentista. Conversando, ameaçando deixar sem videogame, conversando de novo (as vezes não dou conta da disciplina positiva), ele foi. Chegando lá, me explicaram certinho o que seria feito, me mostraram as cáries na radiografia que estava no sistema do computador, onde seriam as restaurações e tudo bem certinho.

Eu não deveria entrar, mas ele não fala muito inglês ainda e eu pedi pra entrar (na verdade eu estava era com pavor de deixar ele sozinho lá dentro, pensando mil besteiras que nem vou comentar aqui). Então tiraram fotos das cáries pra mandar pro plano de saúde e ofereceram três cheirinhos pra ele escolher, morango, chiclete e laranja. Era o que ficaria no nariz dele com o gás.. Ele escolheu o de morango e colocaram o gás. A TV no teto, fone de ouvido, tudo certinho, tudo lindo, vamo que vamo. A dentista deu a anestesia e ele começou a chorar, chorar, chorar... Fechou a boca, fechou a boca com força. conversei, a assistente conversou, a dentista conversou. Abracei, briguei... A dentista disse que não tinha como, que ele iria ter que fazer com anestesia geral e fez a carta encaminhando pro outro consultório.

Se eu já tava sem chão preocupada com o gás, imagina com anestesia geral?? Que eu sei que a gente morre e ressucita??? Meu filho, de seis anos??? É arriscado demais. Mas não podemos deixar essa cárie assim, ela vai piorar. Vai doer mais que a anestesia e a minha cabeça tava um turbilhão. Pensando nas mil merdas possíveis. O Diego estava demorando pra me buscar. Eu queria chorar, queria correr, queria fugir. O Pablo relutando que não iria a lugar nenhum e que nunca iria no dentista de novo. Até que o Diego finalmente chegou e eu contei o ocorrido.

"Uma semana sem videogame!!!!" E o Pablo começa a chorar de novo. Eu falei que ele não tinha culpa. O Diego já voltou atrás, conversou com ele. Alguém tinha que ser racional, porque eu só tinha vontade de chorar de medo da anestesia geral. Sei que o Diego conversou com o Pablo e ele topou fazer. Eu fiquei bem feliz, porque ele ainda tinha mais uma hora de anestesia. Vamos torcer pra dentista atender ele de novo.

Voltamos lá, a dentista falou que tinha toda a agenda preenchuda, mas que ia tentar. Daí veio o assistente, disse que ligou pra paciente das duas horas e tinha caido na caixa postal, então não podia me responder se daria pra atender o Pablo ou não. Falei que esperaríamos. Eu saí pra dar uma caminhada, porque eu tava enlouquecendo. Voltei, veio outra assistente e disse que a dentista iria atender, mas que como já tinha passado muito tempo, ele teria que tomar outra anestesia. Levei o Lipe pra comer algo e o Pablo ficou com o Diego.

Quando voltamos, eles já não estavam na sala de espera. Tentei olhar facebook, instagram, jogar qualquer coisa no celular, como se meu filho tivesse passando por uma cirurgia absurdamente complicada. Eram apenas algumas restaurações,  maaaaaassss eu tava pirando. Finalmente escutei a voz dele, conversando super feliz. A dentista veio e me disse que ele fez tudo bem certinho e não deu um piu. Disse que tem filhos e sabe que as crianças sabem muito bem com quem podem fazer o charme e com quem não podem. E eu fiquei com aquela cara de tacho.

Voltando pra casa, perguntei pro Pablo: "filho.. porque com a mãe tu fez aquele escândalo todo e com o pai tu não fez nada?" e a resposta direta dele foi: "porque eu já tinha feito!!!!" hahhahhahhahahhahahahha!!! Só pude rir, tipo, ele já tinha feito escândalo, não precisava fazer de novo. :P Filhos, filhos... Só tendo pra entender. 

Agora o Pablo tem coisinha prateada no dente, com seis anos de idade e a mãe tem ainda mais história pra contar. :) E não, não tive vontade de dar umas surras, como me perguntaram. Só consegui rir da situação e pensar num post sobre as tais "surras", já que duas pessoas me sugeriram isso quando contei a história.

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