quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Escolas, educação e o que observo por aqui: Parte 1

Cá estou, depois de muitos meses sem escrever e fazendo um esforço gigante pra não colocar dois pontinhos no final de casa frase.. ops!?
Tem tanta coisa pra falar sobre escola, que nem sei por onde começar, mas acho que vou dividir em dois posts.

Vou começar pelo começo. Lá em Sunnyvale ainda. Estávamos totalmente perdidos com relação a escola, mas sabíamos que o preço do aluguel estava relacionado com a qualidade das escolas do local. No vale do silício, o aluguel que podíamos pagar era de casas (apartamentos) perto de escolas nota 6 ou 7, não mais do que isso. Notas maiores ficavam muito longe do trabalho do Diego (hahahahah, mal sabíamos o que o destino nos guardava).

Gostamos de um apartamento dentro do nosso preço e fomos conhecer a escola. A secretária era bem mal humorada, mas a escola não parecia ruim. Ok, vai ser aqui mesmo! Nos mudamos da casa provisória pro apto novo dia 23 de dezembro e a escola estava obviamente em recesso. Início de janeiro levei a papelada, mas faltavam as vacinas traduzidas. Até marcar a consulta no médico, traduzir as vacinas e ter tudo resolvido, eles começaram a escola uma semana depois.

Como o ano letivo começa em agosto/setembro, eles começariam na metade do ano letivo (Janeiro). Lipe foi pro quarto ano, o que achei ótimo, já que ele tinha terminado o quarto ano no Brasil, seria bom refazer metade pra ir pegando o jeito. Pablo foi pra segunda metade do primeiro ano, mesmo eu tendo explicado que ele não sabia a língua e que ele só tinha terminado o pré no Brasil. Não interessa. O que vale é a idade. Segura na mão de Deus e vai. Lipe foi super bem desde o começo (na foto ele tá conversando com a professora, super natural, no terceiro ou quarto dia de aula, mesmo sem nunca ter feito aula de inglês na vida) e o Pablo mais perdido que cego em tiroteio. Não tinha nenhum tipo de apoio, NENHUM tipo de apoio pra alunos que não falavam a língua. A professora do Pablo sugeriu autismo, já que ele não falava e se isolava. No mínimo previsível o comportamento dele, né? A criança nunca falou inglês além de cores e números na vida e de repente tem que entender tudo que pedem, aprender a ler, interagir com amigos falando em inglês assim, pá pum. Não sei que milagre ela esperava dele.

Enfim, veio a notícia da mudança, eu fiquei triste porque eles estavam adaptados e fazendo amigos, mas era a vida. Tínhamos que mudar. Perguntei pra professora do Pablo se ela achava que ele deveria repetir o primeiro ano e ela disse que não. Meu coração dizia que sim, mas achei que eu fosse uma incompetente na área pedagógica, resolvi confiar na professora.

Mudamos quando as aulas acabaram e fui nas escolas novas na primeira semana por aqui. A escola do Pablo vai até o terceiro ano e a do Lipe do quarto até o oitavo, pertencem ao mesmo distrito, mas são escolas diferentes. Nas duas escolas pediram se eu podia voltar depois, já que era a última semana de aula, mas nas duas escolas elas ficaram felizes porque eu tinha tudo prontinho e organizado, acabaram aceitando a inscrição naquele dia.

Mas agora estamos num distrito nota 10 (o aluguel aqui na região é um pouco mais acessível que era no vale so silício, então pelo mesmo valor, conseguimos escolas melhores) e também optamos por morar longe do trabalho do Diego pra vivermos melhor de maneira geral (ah, o mar...). Enfim, por ser um distrito nota 10, muita gente tenta burlar comprovante de endereço pra conseguir uma vaguinha. Então a inscrição só efetivou depois que eu recebi uma carta via correio com o "código secreto" meses depois, porque era férias de verão.

No fim de semana antes do começo das aulas eu já estava voluntariando em evento pra arrecadar dinheiro pra escola, mesmo sem entender direito como as coisas funcionavam, mas eu queria estar presente nas escolas dessa vez. As aulas começaram em setembro. Eu estava empolgadíssima com a idéia de voluntariar e os meninos estavam adorando suas turmas e as aulas.

Segundo dia de aula a professora do Pablo (2o ano) nos chama pra conversar. O Pablo foi avaliado e ele precisaria ir pro primeiro ano. Ele tinha perdido toda a base pra aprender a ler e escrever, ele corria o risco de passar a vida inteira com dificuldades na escola. Entrei em pânico, não por não achar que ele devesse ir pro primeiro ano, mas por não saber como falar pra ele que ele teria que trocar de turma DE NOVO. Afinal, ele tinha acabado de trocar de escola, tava amando a turma e a professora nova e teria que trocar mais uma vez.

Eu contei, contaminada pelas minhas emoções assustadas e ele desandou a chorar, dizendo que não trocaria de turma e ponto final. Era uma sexta feira e ele só começaria no primeiro ano na segunda-feira, o que transformou meu final de semana num mundo de ansiedade, apesar de o Pablo estar ótimo, já que o Diego já tinha comprado ele com um videogame novo.

Segunda feira combinamos que o Diego o levaria, porque meu nervosismo não ia fazer bem pra ele. Óbvio que eu não consegui respirar durante a manhã inteirinha. Quando fui busca-lo, ele estava saltitante e disse que foi o "best day ever". Ufa, mãe. Pode respirar aliviada. Vai ficar tudo bem. :)

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