quinta-feira, 14 de maio de 2020

Ei, não saiu mais post no blog, né?

Hoje, dia 14 de maio, faz exatos 2 meses que trabalhei o último sábado no ZipYard. Foi o dia do post da crise de ansiedade, o último dia que andei de trem, último dia que falei com a brasileira que eu não consigo gravar o nome que trabalha no restaurante do lado da loja.

Teve alguns posts que foram publicados depois desse dia, mas que foram escritos antes. Desde que tudo isso começou, a inspiração foi pras cucuias.

Lá se foram dois meses... Os dois meses mais esquisitos de toda a minha vida. E olha que já estou relativamente acostumada a viver em banho maria. Em 2015 decidimos que queríamos sair do Brasil, mas o Diego precisava terminar a faculdade. Em 2016 ele terminou e aplicamos pra loteria do visto dos EUA, fomos sorteados, ficamos em banho maria esperando o resultado, que levou alguns meses a mais que o esperado. Depois foi o visto pra Irlanda, depois outras coisitas nos deixaram em stand by.

Esperar, viver um dia de cada vez, não ter ideia sobre o que vai ser nos próximos meses, não poder fazer planos, enfim, deveria ser a minha especialidade, afinal, passei por isso tantas vezes nos últimos tempos.. Mas não. Não aprendi a lição ainda. E vou ter que aprender na marra junto com o mundo inteirinho. Não sou só eu que estou de molho. O mundo está. Os otimistas acreditam que tudo vai voltar ao normal daqui dois meses, os pessimistas acham que nunca mais vamos sair de casa.

"Uh, se a gente já não sabe mais rir um do outro meu bem, então o que resta é chorar.."

Não, essa música não tem nada a ver com a farofa, mas é que eu adoro essa música e ela tava tocando enquanto eu escrevia.. achei que devia compartilhar.. porque é assim que funciona minha cabeça..

Estou fazendo terapia toda semana e isso tem ajudado a manter as crises de ansiedade mais longe. Dias que leio sobre a situação do Brasil eu fico mais nervosa, dias que aparecem algumas notícias falando de crianças ou de pessoas da minha idade que morreram de COVID também são dias mais difíceis. Tento não pensar no risco dos meus pais pegarem. Ambos são grupo de risco. Viu? Coração já apertou. Por isso que tento não pensar.

Tenho tido sonhos malucos. Adoro desvendá-los com a minha prima e/ou com a psicóloga. Fiz cavaquinho várias vezes porque o Pablo gosta de fazer. Teve dias que não lavei nem um copo. Teve dias que capinei o quintal, hoje foi um deles.

Um dia arrisquei pegar a maquina de cortar cabelo e tosar a Fofinha que tava cheia de nós. Cansei, deixei pela metade. Sou ariana, gosto de começar as coisas. Só terminei no dia seguinte porque ela estava com nós. Mas a vontade era de sair correndo. Ela tá fedida. Mas odeio dar banho nela. Uma hora eu dou.

Comprei maquiagens, ainda não chegou. Não sei se vou ter paciência pra experimentar. Ainda mais não tendo lugar nenhum pra ir.

Passou meu aniversário, passou o do Lipe, passou o do Diego.. e agora espero pelo que? O do Pablo ainda faltam dois meses.

Como será que vai ser a vida daqui dois meses? Pelo mapa de reabertura do país, já vamos estar liberados pra ir pra lá e pra cá.. Mas vamos ter coragem? De nos expor pra dar uma passeada? Não temos carro, dependemos de transporte público. Era pra eu ter estudado pra carteira de motorista.. ter um carro nessa situação ajudaria bastante. Mas nenhum de nós dois tem carteira. E quem consegue aprender qualquer coisa nessa situação? 

Eu sei.. eu deveria usar esse tempo pra aprender italiano, fazer um curso de qualquer coisa.. mas não tenho vontade.. não tenho forças..

Essa foi a primeira semana que consegui com que o Pablo fizesse todas as atividades propostas pela escola, depois de dois meses. Enfim, essa é a vibe da quarentena..

Sou extremamente grata por poder estar em casa e cheia de saúde, mas isso não quer dizer que eu não esteja meio perdida e assustada com tudo isso. Seguimos.

Um comentário:

  1. Incrível como me encaixo nas suas narrativas... Adoro ler todas ❤️

    ResponderExcluir