quarta-feira, 26 de abril de 2017

Partida..

Quarta-feira tínhamos tido a tarde poética do Pablo e a apresentação de final de ano do Lipe. Eu já tinha chorado litros. Na quinta-feira fui a Floripa assinar minha demissão. Nossa, senti forte que não pertencia àquele lugar. Nesse momento senti alívio! Peguei alguns documentos no centro, passei pra resolver minha previdência privada, plano de saúde e voltei pra Tijucas. A noite tive Ioga e teve chai que foi feito especialmente pra minha despedida. Chorei a aula inteirinha. Não queria deixar aquela vida pra trás...

O Diego foi pra Floripa levar a Fofinha, que iria seguir viagem na semana seguinte. As malas estavam prontas. Tudo que trouxemos do Brasil estava nessas malas da foto. Toda uma vida dentro de cinco malas, quatro mochilas e um objeto de mão pra cada um (minha bolsa, o trompete, o ursinho do Lipe e o Golias do Pablo - que perdemos na mudança da casa provisória pra casa atual, sem comentários). 

Na manhã de sexta-feira levei o Lipe pra escola, como ele quis. Ele ficaria até a hora do intervalo. Minha sogra avisou que não iria no aeroporto pois não queria chorar, mas foi na nossa casa. O irmão do Diego foi até a nossa casa pra dar um tchau. Meu sogro iria até o aeroporto junto da irmã do Diego, pois precisávamos de mais um porta malas. Estávamos com um carro alugado pois o nosso havia sido vendido semanas atrás (foi minha primeira dor, primeira sensação de estar desmontando minha vida). 

Dei um abraço afastado na minha sogra e no meu cunhado. Eu gosto de apertar, mas eles não permitem (Engraçado foi que no dia do meu aniversário minha sogra me ligou e disse que sentia falta do meu abraço de urso). Dei um abraço no meu pai que estava com os olhos cheios de lágrimas. Naquele momento, se eu pudesse, abraçaria minha casa. Era quem, ou o que, eu mais queria abraçar naquele momento. Dei uma última olhada pra ela e chorei. Passamos na escola do Lipe e os amigos dele tinham preparado algo pra ele trazer. Também deram abraço coletivo. Chorava Diego, chorava Lipe, chorava eu. Dei um último abraço no pai, que foi até a escola pra dar tchau pro Lipe, e embarcamos todos no carro. 

Não sentia a menor tristeza de deixar Tijucas pra trás. Dei uma última olhada pra Celesc de cima da ponte e me despedi, tentando não chorar muito descaradamente pra tornar as coisas mais fáceis pros meninos.

Em Floripa deixamos o carro alugado, minha mãe e a minha irmã nos pegaram e nos deram carona até o aeroporto. Meu irmão já tinha dito também que não iria no aeroporto pois não gosta de despedidas e minha cunhada tinha acabado de ter bebê, além da recuperação da cesárea, não era uma boa idéia sair de casa com um recém nascido (pausa para observar que meu primeiro sobrinho nasceu quinze dias antes de eu me mudar).

Confesso que eu esperava que alguém mais surgiria no aeroporto pra se despedir. Sei lá, alguém da Dbregas talvez. Mas que nada. Todos já estavam seguindo suas vidas. E a nossa? Estava no meio do que era e o que viria a ser.

Malas despachadas. Ficamos rodando no aeroporto. Nós quatro, mais a minha mãe, minha irmã, meu sogro e minha cunhada. Minha irmã teve que ir trabalhar e eu já estava cansada de despedidas. Não consegui me emocionar aquela altura. Pessoas não eram o problema pra mim. Eu tinha angústia de deixar minha vida pra trás. 

Todos foram embora. Entramos na sala de embarque e então no avião. Aquela emoção do avião pros meninos, preparar para decolar, o avião começou a subir... Olhei Floripa pela janela... Meu coração apertou. Apertou forte. Tive medo! Não tem mais volta. Adeus vida...

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Despedidas - Por que diabos as pessoas tornam as coisas tão difíceis?

Esse post está programado pra ser publicado no dia do meu aniversário, dia 19 de abril. Estou escrevendo um tempo antes. Não tenho a menor ideia de como será o dia do meu aniversário, mas com certeza o mais diferente que já passei. Não sei se alguém leu algum dos últimos posts, não sei se alguém se interessou por esse blog... Mas eu simplesmente escrevo, escrevo, escrevo e o tempo voa! Acho que estou viciada em escrever.

No último post eu falei sobre as despedidas. E foram várias. Falei apenas que elas existiram... E que elas doeram. E que eu chorei. Hoje eu queria falar sobre a lição das despedidas, queria pensar um pouco e tentar te fazer pensar... Seja lá quem tu fores.

Você sabia que eu amo flores? Uma coisa que eu sempre digo é que volto pra puxar o pé de quem me der flores depois que eu morrer. Volto! Juro que volto. Caramba! Eu não ganho flores agora que estou viva e que posso aproveitá-las. Ah, vai tomar no cu quem me der flores depois que eu morrer! Francamente! Me deem flores agora!!!!

Quantos amigos você tem que você nunca tem tempo pra ele? Que vocês vivem falando: "vamos marcar algo" e nunca marcam?? Quantos amigos você perguntou verdadeiramente se estava tudo bem na última semana?? E prestou atenção na resposta, principalmente.. Quantos amigos você telefonou no último aniversário e não deixou apenas uma mensagem mecânica no facebook? Quantas pessoas você gostaria que soubessem como você está se sentindo e você não fala porque essa pessoa está sempre muito ocupada??

As despedidas me fizeram repensar muito tudo isso.. Como eu iria me mudar, algumas pessoas deram um jeito de tomar um café comigo, fizeram um esforcinho, já que agora era mais gritante que não teríamos outra oportunidade tão cedo. Rolou até conversa dentro do carro abafado em dia de chuva. Rolou churrasco que tava enrolando uns 10 anos pra acontecer, rolou presença nos shows da dbregas que nunca tinha rolado.

E sabe o que aconteceu? Ficamos com aquela sensação de "que merda, tão bom a gente ficar junto. Por que só fizemos isso agora?". E essa sensação tomou conta da maioria das pessoas que fez esse movimento, claro que as que estavam bêbadas falaram de forma mais emocionante :oP. Mas sabe o que é triste? O triste é saber que se não tivéssemos nos mudado, se tivéssemos continuado a nossa vida como estava, não teria rolado café ou churrasco nenhum. Cada um iria continuar inventando suas desculpas e vivendo suas vidas.

Talvez seja culpa do facebook e das outras redes sociais, que te dão a falsa impressão de fazer parte da vida das pessoas e te fazem achar que tu sabe que tá tudo bem com elas. Mas as relações vão ficando tão superficiais. Ninguém coloca no instagram que está triste porque brigou com o marido na última noite. Nesse dia a gente deixa pra postar uma foto de comida ou uma música qualquer.

Sei lá... fico pensativa... como fazer as pessoas entenderem isso? Nós tínhamos uma data, dia 2 de dezembro íamos nos mudar. Então tínhamos que dar um jeito antes disso. Mas e quando não sabemos a data limite?? Quantas oportunidades estamos deixando de viver?? Quantas pessoas estão se sentindo sozinhas, porque achamos que podemos tomar aquele café na semana que vem, que nossos amigos estão bem, afinal, estão sempre sorrindo no snap. Mas será??
 
Por que inventamos desculpas pra não estar com as pessoas que gostamos?? Por que não nos permitimos entrar na vida das pessoas??
O que está acontecendo com as relações?? O que é mais importante do que estar com quem a gente gosta e jogar um pouco de conversa fora??? O que é mais importante do que dar um colo praquela sua amiga que bateu o carro ontem e está chateada? Por que não estamos disponíveis pra ouvir o outro? Onde foi que as coisas se perderam?

Aproveita que você leu até aqui, e marca de uma vez aquele café com aquele amigo que você sempre fala que vai marcar. O pior que pode acontecer é descbrirem que vocês mudaram e que não tem mais nada a ver. Daí é só não marcar o próximo café. Mas não deixe pra fazer isso quando for a última oportunidade, porque o risco de acontecer como aconteceu com a gente é grande. Vocês podem ficar com aquela sensação de "porque demoramos tanto pra fazer isso" e essa sensação não é legal.

E aí? Lembrou de alguém? Marcou o café? Me conta. :)

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Casinha de lego

Agora precisávamos esperar os passaportes com os vistos chegarem pra comprar as passagens, mas uma coisa era fato: nos mudaríamos muito em breve. Eu estava na "quarentena" da catapora, não podia chegar perto de nenhuma grávida ou recém nascidos. Pablo já estava indo pra escola normalmente e então o caminhão da FedEX estacionou na frente de casa. Eu nunca tinha visto um caminhão desses na minha vida (agora vejo quase todo dia.. hehehehe).

Dieeeeegoooo... Dieeeeeegoooo!!!!! O caminhão da FedEX tá aqui! Os passaportes chegaram! Vai lá receber!!!!! Eu devia estar com medo de receber, sei lá. Mas eu parecia criança correndo e pulando pela casa. Podemos comprar as passagens, teremos uma data, teremos um dia oficialmente pra esperar. Eu vi o dia da apresentação de final de ano do Lipe e sugeri o fim de semana seguinte pra nos mudarmos. Passagens compradas, dia 2 de dezembro embarcaríamos. Temos uma data. E menos de duas semanas pra organizar tudo que tem pra organizar.

A Manu veio passar um dia comigo. Fomos naquela tirolesa em Balneário (foto). Com a Manu não teve chororô, ela sabe que vem me visitar logo logo. A família começou a reclamar porque íamos nos mudar antes do natal. Primeiro: nunca comemoramos o natal, que diferença ia fazer?? Segundo: estávamos esperando esse dia há praticamente dois anos. Não queríamos esperar nem um diazinhozinho a mais. Até minha irmã me chamou de destrambelhada, porque eu estava fazendo tudo correndo.

Então começaram as festas, almoços, shows e tudo mais de despedida. Era festa com a Dbregas, era festa com o pessoal do antigo trabalho do Diego, festa com o pessoal do ensino médio (tem que ser AGORA porque o Diego vai se mudar!!!)... Almoço na sogra TODO dia de semana, almoço na mãe, almoço no pai, amiga vem tomar café, outra amiga vem tomar café, despedida no ioga... Sinceramente, teve uma hora que eu simplesmente não aguentava mais despedidas. Deu! Encheu o saco! Eu queria curtir um pouco a minha casa, deitar na minha rede, namorar meu filtro dos sonhos, ouvir mensageiro dos ventos, me jogar no meu sofá... E não dava, sempre tinha alguma coisa pra fazer.

No meio de todas essas despedidas eu comecei a ficar mal. Eu queria muito vir, muito mesmo. Bom, dá pra ter ideia por todos os posts anteriores. Mas eu sentia que tinha um quebra-cabeças montado, que levei anos pra montar e que deu trabalho pra caramba, e agora eu estava desmontando ele e jogando num saco tudo bagunçado pra ser montado aqui de novo.

Eu, que sempre fui desapegada das coisas materiais, me via sofrendo por ter que me desfazer das minhas mínimas coisas. Eu sofria, eu chorava. Chorei na tarde poética do Pablo, chorei na apresentação de final de ano do Lipe, chorei a última aula de ioga inteirinha, chorei litros no último show da dbregas... Chorei escondidinha quando meu irmão tirou meu sobrinho do meu colo e eu pedi: "deixa eu segurar ele só mais um pouquinho, não sei quando vou segurá-lo de novo" e ele me respondeu com a voz mais ríspida do universo: "ninguém mandou se mudar". Sei que ele estava externando a dor dele naquele momento, ele também não veria os sobrinhos dele tão cedo... Sei que foi a forma que ele achou de me ferir, pra aliviar a dor dele... Mas eu chorei... Porque doeu demais.

Quando conversei com o Diego sobre meu sentimento do quebra cabeças ele disse, sempre muito racional: "mas essa é a graça dos quebra cabeças e casinhas de lego. Montar, desmontar e montar de novo". E então passei a descrever minha experiência como minha casinha de lego, porque por mais que eu queira, e diferente do quebra cabeças, nunca vou conseguir montar outra casinha de lego exatamente igual. Muitas peças ficaram pelo caminho e por aqui existem várias peças diferentes... Mas a base é a mesma, e estamos montando, peça por peça, usando peças novas e peças velhas, nossa nova casinha de lego. :)

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Entrevista no consulado

Na outra fila era uma mulher super simpática. Em todos os lugares que havíamos lido, falavam que a entrevista pra esse tipo de visto era em Inglês, mas ela falou em Português o tempo todo, o que dificultou um pouco as coisas pro Diego, já que ele tinha que pensar na tradução de tudo que ele já estava habituado a falar em Inglês no trabalho. As pernas tremiam... Nosso destino ia ser definido pelas palavras que usássemos ali naquele momento. Na verdade, acho que já estava definido, não sei exatamente pra que serve a entrevista, mas o medo de falar algo errado e colocar tudo a perder era grande. Engraçado, porque não tinha nada de errado pra falar, só a verdade... Mas sei lá, ser avaliado é sempre horrível.

Primeiro ela nos entregou um papel e disse: "Já que vocês vão morar em outro país, vocês precisam conhecer os seus direitos". Opa!! Primeiro sinal. Segundo sinal foi que depois de ela olhar nossos passaportes, ela colocou numa caixinha. Sabíamos que quem tivesse visto negado, voltava com o passaporte na mão. E então ela disse: "alguém já falou pra vocês pagarem a taxa xyz?". Sabíamos que tínhamos que pagar uma taxa somente se o visto fosse aprovado, mas não sabíamos onde pagar essa taxa ou em que momento. Então ela nos direcionou pro financeiro. Chegamos lá estava escrito: "Cash only"!!!!

 Jesuuuuus, Maria, José... Deus nos acuda!!!! Nós sabíamos da taxa, mas como falei acima, não sabíamos que seria paga ali. Só o que falta mesmo! Estamos com a oportunidade na mão e vamos perder por uma besteira dessas. O Dinheiro estava na conta, também tínhamos limite no cartão de crédito, só não tínhamos "cash". Não podíamos sair do consulado. Tinha um caixa eletrônico lá dentro, daqueles multi uso e tinha todos os bancos, menos o nosso. Não tínhamos celular pra poder transferir o dinheiro pra uma conta que desse pra sacar naquela máquina e o cartão de crédito não aceitava sacar o valor que precisávamos. Geeeeentee, que merda!!! Puta que pariu!!!!

Até que de algum lugar veio a luz: Vamos lá conversar e perguntar o que podemos fazer.

Chegamos lá, a pessoa que foi atendida antes da gente pagou com cartão de crédito e já foi dando um alívio na gente. Quando chegamos no caixa, podia ser com cartão de crédito. Ufa! Taxas pagas, voltamos pra moça simpática que finalmente disse o que nós esperamos desde o comecinho de 2015. Visto aprovado!!!!!

Fomos então embora, felizes... Nem sei se rimos, se choramos, se nos abraçamos... pegamos o celular no guarda volumes, o carro no estacionamento, colocamos o endereço de casa no gps e fomos voltando pra casa. Uns dez minutos depois toca o telefone do Diego. Atendo e digo que ele está dirigindo e a moça fala: "é do consulado, o Diego precisa voltar aqui". Pronto! Ferrou! Mudaram de idéia! Passaram a informação errada, sei lá. Respira fuuuuuuuundo... Lembrei que eu tinha colocado as digitais, mas não lembrava de ter visto o Diego colocar as digitais, deve ser só isso. Tomara!

E era, era só isso. Era só pra dar mais emoção! E então, colocamos de novo o endereço no gps e voltamos pra casa... Uma viagem tranquila, cheia de planos, sonhos e sono também, afinal, foram duas noites bem mal dormidas. Agora era só esperar os passaportes chegarem pelo correio com o visto, comprar as passagens e finalmente nos mudaríamos, como tanto desejamos, espearamos e sonhamos.